Passados sete anos da morte da Carol sinto que de certa forma um pedaço de mim se tornou invisível. Às vezes nem eu mesma sou capaz de me enxergar por completo. Quando perdemos a nossa corujinha eu realmente acreditava que o calendário seria implacável e as pessoas viriam com palavras de consolo sempre que o dia 5 de setembro chegasse. E se por um lado eu me sinto aliviada por absolutamente ninguém mais tocar no assunto ou perguntar como me sinto como mãe órfã que sou, sinto uma inquietude que me assombra pelo simples fato de que ela existiu e não vai voltar – caramba, será mesmo que eu não merecia um ombro amigo hoje?
Tudo o que me resta são as minhas lembranças e uma dor que não se apaga, mas com a qual me acostumei a viver. E tudo bem que foi só mais o quinto dia do nono mês do ano para quem me vê, mas não me enxerga. No final, somos todos egoístas, inclusive eu nesse momento. Cacá, o amor continua vivo e essa é a herança que guardo de nós. Saudades eternas!